09 fevereiro 2006

NOPAREDÃO

NO PAREDÃO

            Carolina dos Santos, 22 anos, ex-estagiária de uma empresa em Cubatão, São Paulo, é acusada de ter mandado matar uma colega e de assassinar outra. Motivo: ela queria ficar com o emprego. O crime ganhou as manchetes de jornais e expôs o ambiente de trabalho que reina na maioria das empresas: disputa de poder, competição, inveja, e intrigas. Ela está agora na cadeia esperando o julgamento, mas outros assassinos em potencial estão soltos por aí.  Pessoas doentes produzidas por uma sociedade de cão e gato. “Os profissionais de hoje são individualistas e competitivos demais”, explica um especialista em patologias que analisa o caso de Carolina. “Com a obsessão por redução de custos, constantes e obrigatórios, as empresas passaram a enxugar quadros e exigir bem mais de quem permanece na folha de pagamento. Em outras palavras, fica quem pode e está disposto a acumular funções. O resultado? Emprego e possibilidade de carreira tornam-se cada vez mais escassos. Antigamente o clima era mais ameno. Hoje, no trabalho, cada um se preocupa somente em fazer sucesso pessoal o tempo todo. Amizades só servem se elas ajudam na carreira. Se não, são eliminadas”.

            Parece que as idéias do filósofo alemão Nietzsche (1844-1900) finalmente estão dando certo. No seu livro “O Anticristo”, diz que a compaixão cristã é pura babaquice. Ateu convicto e com final triste num hospício, pregou o deus-morto: -“não pode existir um deus, pois se existisse um deus eu não poderia ser ele. Portanto deus está morto”.  As teses deste filósofo, bem da verdade, sempre fizeram parte da história humana – a criatura querendo ser Deus. E para chegar lá no topo, derrubando aqueles que cruzam o caminho. A loucura de Carolina, por exemplo, confirma isto. Diz o delegado que ela queria a vaga na tesouraria para depois armar um golpe contra o patrão. Ela não queria o emprego, e sim a empresa. 

            “De onde vêm as lutas e brigas entre vocês? Elas vêm dos maus desejos que estão sempre lutando dentro de vocês. Vocês querem muitas coisas; mas, como não podem tê-las, estão prontos até para matar a fim de consegui-las” (Tiago 4.1,2). Isto foi dito há dois mil anos atrás quando não havia tantas coisas para se desejar. Mas hoje a propaganda enche a nossa cabeça com a idéia de que feliz é aquele que tem. Coisas que só o dinheiro consegue: carros sofisticados, moradias luxuosas, eletrodomésticos de última geração, viagens pelo mundo, enfim, um paraíso de consumo que faz todos sonharem. Mas coisas que são realidade de uma minoria privilegiada. Porque grande parte sobrevive pagando os carnês de prestação. E no desvairado desejo de enriquecer perdendo o pouco que tem em jogos de azar. Ou então puxando o tapete do colega de trabalho para subir de posto e conseguir um melhor salário. Desejos tão fortes, alimentando aquela anônima vontade de eliminar os “adversários”, colocando-os no paredão.

            Pois neste mundo de interesses e lucros, ainda existem locais de trabalho que fazem a diferença. Pessoas que seguem o conselho bíblico: Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros. Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha: Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo (Filipenses 2.4-7).  Pode até ser um jeito bem babaca e imbecil, mas é o jeito de Cristo. De um amor que não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso. De um amor que não fica alegre quando alguém faz uma coisa errada, mas se alegra quando alguém faz o que é certo (1 Coríntios 13.4-6).

Pastor Marcos Schmidt
marsch@terra.com.br



Paulo Adriano Rocha
NINGUÉM PODE TE AMAR COMO JESUS TE AMA!
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